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A pecuária sempre fez parte da vida da família do produtor Braz Pires da Luz Neto. Uma vocação que começou com os avós, seu Braz e dona Gertrudes, seguiu com os pais, Stella e Gilberto, e que agora, sob a sua responsabilidade, é marcada por uma gestão mais sustentável. Hoje, além da criação do gado, o pecuarista se dedica à recuperação de mata ciliar nas seis propriedades da família. Desde 2005, a família já recuperou mais de 15 nascentes em suas terras.

Tudo começou na Fazenda Santa Gertrudes, localizada no município de Capixaba (AC), a cerca de 70 quilômetros da capital, Rio Branco. Com cerca de 2.200 hectares sendo metade em área de pastagem –,a propriedade atua com ciclo completo na criação de gado.

Braz conta que antigamente, antes mesmo da sua chegada, os proprietários queriam produzir pastagem e, para isso, desmatavam e colocavam sementes de capim. Naquele tempo, ele destaca, não havia preocupação com mata ou limites para mexer na terra que estava à beira do açude ou das fontes de água.

“Então se tirava tudo, deixava a água para o gado beber e não havia a preocupação se no ano seguinte teria a mesma quantidade de água, ou se haveria algum prejuízo para aquela fonte ou açude. Com o passar dos anos, vimos que a água estava diminuindo e veio a preocupação”, conta.

No Brasil, desde 2012 as matas ciliares são consideradas áreas de preservação permanente (APP) e sua destruição é considerada um crime ambiental. Elas são protegidas pelo Código Florestal (Lei 12.651/2012), que prevê uma largura ideal da faixa de mata ciliar, dependendo da largura do rio.

Dentro da Fazenda Santa Gertrudes, existem nascentes que alimentam o Igarapé Jarina (riacho que nasce na mata e deságua no rio). Além de abastecer a propriedade, o Jarina é afluente do Rio Acre, que abastece toda a capital do estado.

Preservação como herança de família

Segundo o pecuarista, o interesse pelo reflorestamento das matas ciliares surgiu da necessidade de cuidar do meio ambiente e recuperar o que foi danificado. “Tirar tudo e não devolver nada é complicado. Meu pai me ensinou uma coisa: se você só tira e não coloca nada, uma hora acaba”, enfatiza.

O reflorestamento começou com o incentivo da avó de Braz, dona Gertrudes. Foi ela quem cedeu as primeiras mudas para o plantio, cultivadas em um pequeno viveiro, no quintal de sua casa.

Hoje todas as mudas para o reflorestamento são produzidas no viveiro mantido na própria Fazenda Santa Gertrudes, há mais de cinco anos. O trabalho é conduzido por dona Stella, mãe do pecuarista, desde a escolha da área e das espécies até o plantio das mudas, que também são utilizadas nas outras propriedades da família.

“Fazer muda dá muito trabalho, mas é gratificante ir até um campo onde não havia uma árvore e lá poder chupar uma manga, comer uma amora, ter uma sombra. Você volta, depois de quatro ou cinco anos que fez o serviço, e encontra uma minifloresta.”


Viveiro mantido na Fazenda Santa Gertrudes produz muda para seis propriedades

Ensinando a sustentabilidade 

O primeiro passo do reflorestamento é cercar a área que será recuperada, para que o gado não tenha mais acesso. Depois, são plantadas as mudas de árvores nativas, espécies adaptadas e árvores de madeira de lei. “Quando a planta chega a um tamanho que o gado não coma mais, nós tiramos a cerca e ali vira um local de pastagem, mas com sombra, com todo o reflorestamento envolvido”, diz o pecuarista.

Orgulhoso com o resultado do seu trabalho, ele faz questão de contar para os vizinhos sobre os benefícios do reflorestamento, e ressalta que a iniciativa ajuda muito a manter a água para que o gado tenha sombra.

“Quando eles chegam aqui, eu mostro o viveiro, mostro a facilidade que é fazer uma muda. Não é coisa de sete cabeças, a pessoa mesmo pode fazer lá na sua fazenda e cuidar do meio ambiente, para sempre ter o seu lugar para trabalhar. Para daqui a 10 ou 15 anos, ainda ter a sua terra produtiva”, afirma.

Apoio da Plataforma-S

A iniciativa bem-sucedida da Fazenda Santa Gertrudes foi realizada por meio da Ambiental-S, ação da Plataforma-S, da Corteva Agriscience, que promove iniciativas mais sustentáveis na pecuária.

A fazenda recebeu apoio para a recuperação de mais uma nascente e para a implantação de sistema de Integração Lavoura-Pecuária. Os projetos são desenvolvidos em parceria com a Corteva Agriscience e a Casa da Lavoura Produtos Agropecuários, distribuidora da marca na região.

“A gente espera cuidar mais. Tem muita coisa para fazer ainda aqui de reflorestamento, de cuidar da água e do meio ambiente. Porque dá para coexistir, a pecuária, a lavoura, e o meio ambiente”, afirma Braz.

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